sábado, 18 de agosto de 2012

Como o vento...


A vida dá voltas. Eu que peguei várias vezes com o meu irmão por ele escrever num blog, pois não via no que isto poderia ajudar a desaliviar a dor, aqui estou eu.
Acho que já sei o porque de ele fazer isto, acho que já o consigo entender. Agora que me vi totalmente sozinho, sem família, com a maioria dos meus amigos afastados de mim, e sem… ti… estou aqui, para desabafar contigo. Sei que nunca irás ler isto, mas tenho certeza que estás neste mesmo momento ao meu lado lendo o meu pensamento à medida que vou escrevendo e passando para aqui o que sinto.
Sabes que te amei muito mesmo? Sabes que ainda te amo? Sabes que sempre te amarei? Pois, eu acho que sabes… Lembras-te daquela noite de 28 de Julho de 2005? Aquela em que passamos a noite no terraço a olhar as estrelas e a falar? Quando eu levei as duas mantas, estendi uma, me deitei e tu perguntas-te se eu tava a tentar te seduzir ou conquistar, e eu perguntei-te como resposta se achavas que algum dia eu o conseguiria fazer e tu abanaste a cabeça a dizer que não, e eu olhei para o lado e disse que já calculava? Porque pergunto se te lembras? Porque eu não consigo esquecer esse primeiro dia que passei contigo, mesmo não te namorando, foi tão intenso. Tu conseguiste em um dia tornares-te a pessoa de quem mais dependia, a que era mais importante para mim, aquela que não me deixou cometer loucuras e erros enormes. Aquela que em um dia virou a minha vida inteira.
Lembraste quando começamos? No dia 5 de Agosto desse mesmo ano? Aquele nosso primeiro beijo? Quando perguntaste a beira do rio como eu conseguia sorrir com tudo o que tinha acontecido e eu respondi que era por estar contigo, e, você olhou com aquele olhar brilhante, profundo, que penetrava a alma. E foi aí. Foi aí que eu te segurei e te disse: “Acho que vou te beijar!” e tu disseste para esperar e para dizer antes que sim. Eu disse e depois beijei-te. Em seguida perguntei-te porque tinha de dizer que sim primeiro e tu disseste que era a resposta a tua pergunta. E eu: “Qual pergunta?” e tu respondeste: “Ao queres namorar comigo?” e eu comecei sorrindo e te pegei ao colo e começei rodopiando.
Pois como podes ver eu não me esqueci de nada dos dias que passamos juntos, de cada pormenor, de cada data, de cada olhar, de tudo mesmo, eu não me esqueci, antes pelo contrário, eu me lembro cada dia mais.
E todos os anos que passaram até agora lembraste? Das aulas em que nos sentávamos sempre juntos e as passávamos de mãos dadas que até os professores reclamavam e me mandavam mudar de lugar e eu sempre voltava? De todos os pequenos-almoços, almoços e lanches do tempo de escola? Das conversas idiotas, das apaixonadas, de todas? E das discussões? Aquelas que cada um seguia um caminho a chorar e uns dias depois mais tardar voltávamos porque não aguentávamos estar assim e a saudade já apertava demais? Eu lembro-me e bem. Eu sinto falta de tudo isso a cada segundo que passa.
Lembras-te de quando me levavas e ias buscar ao trabalho? Isso quando não passavas lá o meu horário de expediente todo? Lembraste de jogarmos ao “STOP” e ao jogo do galo enquanto não chegavam clientes à loja? Não há um dia que quando percorro o trajeto para o trabalho não me lembro de o percorrer contigo, em cada metro, em cada decímetro, cada centímetro, cada milímetro; que não me lembre das nossas brincadeiras, dos nossos mimos, abraços, beijos, conversas. Não há um único dia em que eu esteja a trabalhar que não olhe para a nossa mesa e me lembre de ti, de mim, de nós dois ali sentados.
Lembras-te de quando vieste ter comigo para dizeres que estavas grávida das meninas? Lembras-te? Eu não me esqueço de ti apavorada, stressada, chorando, mal se percebendo o que dizias, gritando que os teus pais te iam matar, que ias ficar gorda, que te ia trocar e deixar… E eu, tremendo de medo por dentro, limpei as tuas lágrimas, te abraçei forte, te beijei e disse que ia tar sempre do teu lado, que não ia te deixar, que íamos arrumar um jeito, que podias ficar a mulher mais gorda do mundo que eu ia amar-te cada dia mais.
Lembras-te das viagens a França? As nossas idas à torre Eiffel? Os pequenos-almoços e tudo mais? Lembras-te do meu sotaque francês que te punha a rir? Lembras-te de insistires comigo que tinha de aprender e ter um sotaque decente?
Lembras-te de eu ser um completo idiota que fotografou todo o parto das meninas? Lembras-te daquele teu puxão de orelhas que me deste que tu com dores e eu estava só a fotografar e eu olhei para o chão e pedi desculpa e você me levantou a cabeça e disse que tava a brincar e que queria ver as fotos reveladas para o álbum das pequenas? Você disse isso de uma maneira que eu tinha mesmo ficado convicto que tavas chateada e ias acabar comigo.
Lembras-te de fugires para França e eu ter ido atras te buscar? Ter corrido aquilo tudo à tua procura ate te encontrar para te trazer para o pé de mim?
Lembras-te de quereres fazer uma tatuagem com uma borboleta e eu ter-te levado a fazê-la? Lembras-te da surpresa que me fizeste quando chegaste com a borboleta feita e teres escrito meu nome por baixo? Lembras-te de quão feliz fiquei? Lembras-te do abraço forte que te dei? Lembras-te de dizer que era comigo que ficarias sempre? Pois eu implorei para você ficar, eu gritei no hospital para que me ouvisses e voltasses =’(
Lembras-te de dia 8 de Julho deste ano? Da nossa conversa na varanda do quarto? Quando eu perguntei se você me amava e você respondeu que sim, e eu perguntei a seguir se farias alguma coisa por mim e você disse que faria qualquer coisa e eu: “Então você casa comigo?” e lhe dei aquele anel e você como resposta me beijou.
Lembras-te do que me disseste à noite quando chegaste ao hospital para ser internada? Que tinhas medo de não estar mais comigo e eu te segurei e disse que isso não ia acontecer que eu estaria sempre contigo? Se tavas a prever que isto ia acontecer porque não me disseste? Eu tinha-te tirado dali naquele mesmo instante. Porque você não cumpriu a promessa que nunca me iria deixar? Porque voce não me deixou ficar com voce? Porque voce não me deixou "salvar-te"? Porque voce me deixou sozinho? Porque voce fez isso? Porque magoou tanto? Porque você não me ouviu implorar para que ficasses? Porque escolheste a morte em vez de nós? Porque foste embora e nem casaste comigo? Porque não fui eu em vez de ti? Ou então, porque não me levou junto?
Não há um segundo quando estou em casa que não me lembre de ti aqui, de viver contigo, de adormecer e acordar com um beijo seu, das tuas reclamações que não querias cozinhar e sempre acabava eu a cozinhar. Tu ganhavas sempre contra mim não era? Tenho mesmo muitas saudades dessa nossa vida juntos, dessa felicidade que andava sempre de mãos dadas comigo, desse sorriso de orelha a orelha que estava no meu rosto. Sinto a tua falta a cada segundo, acredita em mim por favor. Dói tanto não te ver nem te ter. Não ter um sorriso para mostrar, não ter o teu sorriso para olhar, nem o teu olhar para me hipnotizar, e, a única coisa que consigo ver é as lágrimas escorrendo minha cara e o meu peito. É estar o tempo todo como se nada fosse e só depois das meninas adormecerem eu poder chorar como se não houvesse amanha. A pressão aqui dentro está enorme, acredita. Não vou pedir-te para voltar, não porque não quero, mas porque sei que não podes vir, porque eu sei que virias se pudesses. Mas, eu posso ir sabias? Não digo agora, por causa dos meninos mas depois. Não imaginas nem um quarto da vontade que tenho de ir ter contigo agora. Não vejo a hora de meu corpo fechar os olhos para não mais os abrir e minha alma abri-los para não mais os fechar junto a ti. Eu Amo-te tanto. Mas até minha alma poder acordar nos teus braços eu vou ficando aqui a escrever o resto da vida dos miúdos que não escrevemos juntos, vou continuar aqui contestando o final que escreveste, vou continuar a dar vida ao corpo.
Obrigado por tudo, essencialmente por ter-me aberto os olhos em relação ao menino, eu sei que foi você que me fez olhar para ele e não o considerar culpado do que te aconteceu. Obrigado por estes 7 anos comigo, por todos os beijos, mimos, abraços, brigas, obrigado até por teres feito de mim o teu último homem, por tudo mesmo. Eu amei-te no passado, amo-te no presente, amar-te-ei para sempre. Foste, és e sempre serás a minha rainha, a minha única e eterna mulher, não terei mais ninguém nunca mesmo, é você que eu quero sempre e a toda a hora. Dá me força para continuar por favor meu amor, ajuda-me a explicar as meninas, ajuda-me a continuar aqui, faz-me acreditar que tudo pode melhorar, vem dar-me aquele beijo e aquele abraço todas as noites e todas as manhãs, vens? Por favor? Eu preciso de ti, juro.
Isto não é nem metade daquilo que queria te dizer agora mas eu sei que o nosso amor sempre será como o vento, não o podemos ver, mas podemos sentir.
Amo-te para sempre Luciana.

Sem comentários:

Enviar um comentário